2012
( poema com interferência paiviana )
.
Dois mil e doze
mil comprimidos calmantes
dois arrumados em um
doze apóstolos restantes.
dois pratos abarrotados
outros mil são vasilhames
dentro desses doze meses
tem dois mil e doze anos
mil fronteiras estendidas
dois lados são delirantes
doze doses já prescritas
mil templos demonizantes
dois deuses discordantes
doze partículas constantes.
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Literatura nas Favelas
*A mesma sonoridade, segundo a minha leitura aos próprios ouvidos, of course.
kkkkk parece com alguma coisa é Rolim??
Nina, Jarbas, François, Lívio e Jairo, que bom que gostaram. Sem palavras para agradecer tamanhos elogios. Paiva meu irmão,obrigado pela arrumada rsrsrs. Vocês são massa!!!!
Tem a mesma sonoridades destes rizzescos, já publicados neste SP:
amor, i
três mil milhas de fuga.
quinhentos e vinte e sete
milhares de cigarros
tantos fum(ad)os,
bitucas espalhadas.
inúmeros gozos no banheiro
que me provoca asco.
todas minhas obras
borradas em papel
– higiênico,
ao invés de body art.
poeira assentada sobre
a improvisada mobília.
o lixo devida e mente separado
: como não dizer
que é tudos belo?
amor, ii
milhares de cilindradas
freadas.
todos bitucas não industrializados
num arranque partilhados.
um sem-fim de noites-recipiente
: preservados meus gozos em
fingimento. desinteresse.
arte corporal, caricaturas, escrivinhamentos
perdidos.
tudos borrados que me falta o papel
higiênico.
a rotina pintada
sobre minha mente
mente.
tanto lixo esparramado
: como não dizer
que tudos passa?
amor, iii
uns três mil quilômetros de saudades.
todos tabacos por fumar
e não fumar
e não comer
e ficar “dançada”.
infindas noites zumbi(z)ando
manteigas. tangos.
o corpo pintado a boca-mão
– eu, musa e papel
suada, borrada,
miscigenada aos lençóis e
pelos-pele.
eu bailarina giro-luas.
anelos impregnados
por todos dedos-cantos
fados.
o lixo interrompido pela melo-dia-voz
: como não dizer
que tudos quero?
Abraços, rapazes.
E com a interferência da milenarísima escrita numerológica, estudada por Curtius. Parabéns, Rolim.Eu incluria,em minha antolgia “14 versus 14”, este lúdico soneto (na verdade um parassoneto), ao lado dos que inventivameente Jota Mombaça, Nei Lenadro e Joís Alberto escreveram.
Esse poema tem a beleza da dúvida, que delira e descobre. Lembro de Luiz Cardoza y Aragón: “A poesia é única prova concreta da existência do homem”.
Anchieta, se tem algo que me alegra neste sábado triste é esse poema que você trouxe ao SPlural. Gostei, mesmo. Parabéns.
Ei, Rolim, legal, valeu demais.