Canoeiros de Mossoró
Sim, em Mossoró havia canoeiros!
Meu avô Artur, seus irmãos e seu pai,
Como tantos outros valentes do remo,
Transportavam gente e mercadoria
De um lado a outro, corrente do rio.
Além das viagens anônimas do todo dia,
Episódios históricos envolveram canoeiros:
O perseguido jornalista Martins de Vasconcelos,
Para fugir dos seus algozes,
Valeu-se do jovem Rodrigues Alves
– depois conceituado professor –
Para, numa canoa, transportá-lo à margem da liberdade.
Mas veio a década de quarenta,
E padre Mota – prefeito gordo e buchudo –
Ergueu uma ponte sobre o Rio Mossoró.
O que para a cidade foi próspera iniciativa,
Por outro lado, diluviou uma profissão.
Alguns viraram serventes e pedreiros,
Outros foram ganhar a vida
Na pedra dura do Mercado,
Vendendo peixes e assados.
Um deles, porém, não largou o rio.
Contemplava-o dias e noites a fio…
Talvez, quem sabe, tentando compreender
Que, como aquelas águas: tudo passa.
Amigo David, lindo texto.
Na minha aldeia também existe um rio, o Uruguai, com balseiros e pescadores que
” envelhecem de silêncios, pescando noites inteiras. Nem veem o tempo passando, cercados de tanta estrela…”
Um abraço deste admirador da tua arte.
Colmar
Obrigado, amigo Anchieta…
“…Um deles, porém, não largou o rio.
Contemplava-o dias e noites a fio…
Talvez, quem sabe, tentando compreender
Que, como aquelas águas: tudo passa.” Belo. Parabéns, David Leite!