Carta aos espelhos, de Rousi Flor de Caeté
Ontem dancei
uma ciranda solitária
fechei os olhos
imaginei as cores dos sorrisos de mãos dadas
estávamos todos aqui
eu, você
nossos afetos chegavam um a um
como aquela ciranda gigante na praça,
lembra?
foi ontem
lembra?
eu queria tanto te tocar as mãos
tocar aquele amigo da tela
e aquele outro e o outro e a outra e os amigos que não conheci ainda
E os nós
lembra?
De quando éramos juntos e queríamos telas?
De quando éramos cirandas e queríamos wifi?
Lembra da solidão que escolheu em detrimento do calor e do suor, enquanto estávamos aqui do lado de fora te esperando para um abraço?
Agora é tudo quase…quase respiro, quase afago, quase aconchego, quase segurança, quase presença
Quase fui lá…fui até a metade
Pisei devagar, me fiz leve
Mesmo assim, agradeci
Por ser quase dureza
Por ser quase tristeza
Por ser quase memória
Por ser quase alegria
Por ser quase esperança
Por ser quase poema
Por amar o quase tudo, o quase nada
Por inteiro
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