De médicos e poetas, o Beco da Lama tem todos eles e muito mais
Fincado num istmo cultural que separa a Ribeira, o Rio Potengi e as adjacências da cidade do Natal, o Beco da Lama sempre foi um espaço em que os destinos se abraçam.
Esse bioma boêmio impregnado de profusões artísticas, rege-se numa residência diária de pequenos e médios comerciantes, diversos bares e restaurantes, edifícios residenciais e também os churrasquinhos “fica em pé” com seus isopores abarrotados de cervejas em latas.
Nesse ambiente promissor de sons, palavras e tim-tins agradáveis de líquidos etílicos e repositores de enzimas, circulam médicos e profissionais afins, distribuindo conversas, receitas da alma e um diálogo efervescente com poetas, mulheres, homens, artistas cotidianos do Beco.
O Beco da Lama e suas adjacências, ruas que testemunharam o berço natalício de Jorge Fernandes, tem também, no seu perímetro monumental, o Instituto Histórico e Geográfico do RN, a Catedral Metropolitana e, na Praça André de Albuquerque, também conhecida como Praça Vermelha, o Marco da cidade do Natal. É nesse espaço que trafegaram – e ainda hoje circulam – poetas, músicos, intelectuais, jornalistas, educadores e os médicos observadores dessa vida em alternância.
O Beco vive hoje a junção inerente do seu passado, glorioso, alvissareiro, histórico e carente de preservação, indo ao encontro de um Beco mais performático, com visual mais artístico e arrebatado de insurgências boêmias a dialogar com o reviver cultural.
Essa necessidade perimetral de encontros, festivais, namoros e trocas de valores, promovem essa simbiose cada vez mais terna, convivências de um extremo ao outro, características cada vez mais presentes no esplendor do Beco.
Sendo assim, essas casas e calçadas pulsantes do Beco da Lama reúnem os médicos preservadores da tolerância, os poetas e os escritores, vozes de um lirismo plural, mas que podem, todos eles, ser considerados também como os observadores de uma realidade cada vez mais dura, mas esperançosa por um novo amanhã…
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