Diálogo Poético Fraternal – Natal/Havana
Um poema de ROBERTO MANZANO (Havana, Cuba):
A tres metros está el vecino de la izquierda;
a tres metros, el de la derecha; a tres metros,
el del frente; a tres metros, el de la espalda.
En la noche se oye la tos del otro
como si fuera, bajo la sábana, la propia tos:
el olor del arroz que se pasó de fuego
va de visita: y entra silenciosa
la miseria: promiscua, aglomerada, unánime!
Dentro de todo estoy yo, nuez latiente,
con mi cadáver responsable, sin entender del todo
cómo resolveré vivir con un poco de dignidad!
Tradução de Horácio Paiva:
A três metros está o vizinho da esquerda;
a três metros, o da direita; a três metros,
o da frente; a três metros, o de trás.
Ouve-se na noite a tosse do outro
como se fora, sob o lençol, nossa própria tosse:
o cheiro do arroz queimado chega
de visita: e entra silenciosa
a miséria: promíscua, aglomerada, unânime!
E eu, no meio de tudo, latejante,
com meu cadáver responsável, sem claramente entender
como resolverei viver com um mínimo de dignidade.
Um poema de HORÁCIO PAIVA (Natal, Brasil):
O MEU PÉ ESQUERDO
o meu pé direito está nas nuvens
o meu pé esquerdo teima e protesta
nas nuvens respiro a liberdade
mas o meu pé esquerdo
está sempre às voltas
com os tumultos do mundo
quando penso
que tudo é igual
e que enfim
alcancei a unidade
surge um grito
e vejo o meu pé esquerdo
ainda preso à terra
e me apresso em socorrê-lo
sob pena
de tudo perder
pois há um compromisso
e nesta aliança
não estou sozinho.
Traducción de Felix Contreras:
MI PIE IZQUIERDO
Mi pie derecho está en las nubes,
mi pie izquierdo obstinado protesta
en las nubes respiro la libertad
pero, mi pie izquierdo
está siempre de regreso
con los tumultos del mundo
cuando pienso
que todo es igual
y que al fin
alcancé la unidad
surge un grito
y veo mi pie izquierdo
todavía preso a la tierra
y me apresuro a socorrerlo
con la pena
de perderlo todo
pero, hay un compromiso
y en esta alianza
no estoy solito.
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