Dois Sonetos de Jarbas Martins
Por Jarbas Martins
CANHOTEIRO
para meu irmão Jairo, torcedor do São Paulo Futebol Clube, e admira- dor de Canhoteiro
Em um primeiro tempo ele driblou Coroatá, uma trave e o campo ausente, driblou o Maranhão, berço insolente, de revolto lençol que o atirou
num minifúndio de inocência e grama. Belzebu, seu grão-mestre, o adestrou no azucrinado ritmo de um Tambor de Mina. E maestro o fez do próprio drama.
Tirou o time. Em São Paulo um templo erigiu o farsante ao seu não senso. Fazia coisas do Tinhoso. (Exemplo:
driblava nos limites de um lenço). Driblou seu obscuro nome e a glória, ignorou as leis, o mercado e a história
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UM SONETO EM PRETO & BRANCO
para meu irmão Jamilson, desportista por destinação
Driblava por driblar impunemente como quem dança, brinca, bebe e caça. Um interiorano. Trouxe da sua praça a mania infantil de ser contente.
A estrela solitária e pendente, bem mais que seu emblema, era uma farsa. Às vezes era o cúmplice do vento pra alegria do diabo- grão comparsa.
Jogava certo com sua vida torta, afeito ao ledo engano e ao desconcerto de um drible, sua arte preciosa,
e driblaria qualquer frincha ou porta, o além, o intransponível, o encoberto. Não a vida- sua amante caprichosa.
Jarbas Martins (do livro inédito DE MANO A MANO)
Jarbas, gostei mais do Jamílson, porque nessa vida a gente pode ter qualquer defeito, mas ser sãopaulino é de torar, camarada… rsrs
beijo.