Eis, em tua alma
Jairo Lima
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eis, em tua alma, a resina dos cedros
daqueles que se abeiram dos rios
e bebem, na esponja da terra, as suas águas vivas
eis o teu legado:
o teu sozinho
e este medo arrumado com cuidado nos vãos dos teus pulmões
e nas caves soterradas dos teus vinhos
eis, no rumorejar do teu sangue,
um silêncio que desliza vazio;
no espelho deste silêncio uma nave extremada a procura de ventos
eis o teu nome posto entre duas madrugadas
hóstia vermelha consagrada
aos mortíferos venenos
que em tu alma
crescem e se espedaçam
entre zunidos
de lentos sóis de prata
quentes, vivos e macios
introduzindo suas vozes em brasa na névoa do teu estio
Meu caro Jarbas Martins
sou poeta tardio, da geração dos 90, e vivia pedindo ao Mário Hélio, amigo e prefaciador do meu primeiro (e até agora único livro de poesia) que inventasse uma geração pra mim. Hoje, além de alguns poemas esparsos, tenho um segundo livro, do qual este poema foi tirado, inédito.
Nos anos 60 era dramaturgo e me concentrava exclusivamente neste gênero, aí veio 64 e acabou-se a festa. Obrigado, amigo, a você, a Edjane, a Carmen e ao Gustavo de Castro pelas palavras generosas que me comovem especialmente por virem de pessoas por quem tenho grande admiração.
belo poema… fiquei sem o ar dos pulmões. respeirei pelos olhos.
Belo poema! Bom ter um dia com um poema assim.
É Jairo. Talento está aqui. E de sobra. Beijos.
pelo teu lírico e denso verso, a imagética rara, te associei aos jovens poetas brasileiros que eclodiram nos comecinhos dos anos 60. você, talento precoce, colaborou na revista (de circulação nacional) leitura.estou certo, meu caro poeta jairo lima ?