Vamos todos à Pindaíba lá no Beco da Lama
Foto de capa: John Nascimento
O Beco às vezes parece uma fantasia. Penso mesmo que nem exista. É coisa da imaginação, das histórias que não cansam de contar, de uma boemia tão fértil que só mesmo nos livros o Hunter S. Thompson ou no realismo ficcional e aventuroso de Hemingway.
Quando passeio por lá, geralmente aos sábados, viajo no tempo e imagino esses cenários de tantos boêmios em cervejadas alegres, em uma época de mais meladinhas, de Nazi, das festas, de Gardênia, Blackout e Helmut, tudo antes da Samba ou dos sambas.
Viajo à época preto e branca para não ver o que salta aos olhos no tempo-hoje. Abandono do poder público, do poder artístico, do poder libertário essencial. A insegurança prendeu a liberdade e a autonomia do Beco.
Mas a arte é criativa e resistente. E perdoem o trocadilho, mas uma revista com o sugestivo nome de Pindaíba promete movimentar o esquecido Beco no próximo dia 2 de julho. Nazaré será a vitrine para o lançamento desta quarta edição, com pintura de painel, shows e sarau poético.
A programação está sendo montada. Mas está confirmado show com Yrahn Barreto e Romildo Soares e a discotecagem do DJ Russo. E ali nos muros próximos será pintado um painel alusivo à seção da revista intitulada “Tô Puto”, onde pessoas podem pintar suas indignações.
A Revista Pindaíba é uma publicação independente, sem vínculo com poder público, empresas, etc. Por isso demora um bocadinho para ser publicada. Mas vem sempre bem canchuda, com quase 200 páginas de conteúdo voltado à contracultura.
Os editores são uma rapaziada boa de Fortaleza que pretende vir para o lançamento: André Dias, desenhista e diretor de animação; Manoel Carlos, historiador e professor; e Claudio Bentemuller, estudante de Ciências Sociais.
Se na última edição teve uma entrevista massa com nosso poeta processo Falves Silva, essa nova traz matéria documental escrita pela contista e professora Cellina Muniz, que resgata a história do Beco desde 1916, com relatos e fotos desde o Bar de Odete.
Vale destacar também uma seção chamada Contos do Mundo Cão e Poemas da Contramão, além da homenagem ao poeta cearense Mário Gomes, falecido recentemente, e ainda HQ´s e trechos do Dicionário Involucionário.
Os organizadores da festa – Cellina Muniz e Thiago Medeiros – idealizaram um vale revista ao preço de R$ 20 para ajudar nos custos do evento e para adquirir uma publicação com quase 200 páginas de ótimo conteúdo.
E com esse espírito de resistência, seja pelo viés da arte ou da política (apartidária), espaços se mantém com vida e as vozes ecoam. Tem sido assim no Iphan, com a revista Pindaíba e pode ser assim no Beco. Acredito nessa força de mobilização com um foco possível.
O Beco não precisa da Samba ou permanecer inerte à espera do poder público. Iniciativas como esta podem e devem acontecer toda semana. Harryson, Ramos (Dunga, onde estás?), Nazaré, Lula e Ricardo, movimentam à sua maneira aquelas adjacências. Mas podemos mais.
Que a nossa pindaíba permanece livre!
Gente, os vales da Revista Pindaíba já estão disponíveis. Quem adquirir, ao preço módico de R$20, além de ajudar com a festa de lançamento e receber a revista, também concorre a dois sorteios: o de uma pintura já emoldurada de Tiago Vicente e outro de uma cesta de livros. Para a festa já temos algumas atrações confirmadas: DJ Russo, o dueto Yrahn Barreto e Romildo Soares, o grande Carlança Sena, além de sarau poético e intervenções teatrais.
É dia 2 de julho, em frente ao Bar de Nazaré, a partir de 12h! Vamos lá prestigiar nosso Centro Histórico de Natal e celebrar a amizade!
Para adquirir o vale, entrar em contato com cellina.muniz@bol.com.br