“…a mais bela, inesquecível e inútil Revolução”
Há 200 anos, o emancipacionista, André de Albuquerque Maranhão, proclamava a independência do Rio Grande do Norte, na esteira da Revolução Pernambucana, centrada na elite de Recife e Olinda.
“(…) A mais linda, inesquecível e inútil das revoluções brasileiras”, foi o que escreveu o mestre Luís da Câmara Cascudo em um de seus textos sobre a Revolução de 1817. Obviamente que o peso da palavra “inútil” nos parece mais contemporâneo, entretanto, não nos esqueçamos de que ele define-a principalmente como linda e inesquecível.
Entre 29 de março e 1º de abril, o Grupo de Estudos André de Albuquerque Maranhão (GAM), o Ludovicus – Instituto Câmara Cascudo e o Instituto Tavares de Lyra promoverão o evento “Memória e Tradição – Bicentenário da Revolução de 1817”, com a finalidade de resgatar a importância da Revolução de 1817 para a História do Rio Grande do Norte e reforçar as intenções e o pensamento de Cascudo com relação a esse movimento emancipatório.
Dentro da programação do evento haverá a palestra de Paulo de Albuquerque Maranhão, descendente da Casa de Cunhaú, além de mesas redondas com renomados professores de História do RN e pesquisadores, mais o relançamento de três livros: “A Casa de Cunhaú”, de Luís da Câmara Cascudo; “A participação da Capitania do Rio Grande do Norte e de Maçons Potiguares na Revolução Pernambucana de 1817”, de Cassimiro Júnior; e “A ressucitada”, de Francisco Galvão.
O evento será realizado no Ludovicus – Instituto Câmara Cascudo, localizado na Av. Câmara Cascudo, 377, Cidade Alta, Natal/RN, e será aberto ao público. Inscrições: Enviar e-mail para: frente.gam@gmail.com Ao final do evento será entregue certificado de 10h para quem fez a inscrição.
Entendendo a Revolução Pernambucana
Os estrangeiros que vinham fazer negócios no Brasil traziam as ideias liberais que pululavam na Europa no Séxulo XIX, além de livros e de outras publicações que estimulavam o sentimento de revolta entre a elite pernambucana, que participava ativamente, desde o fim do século XVIII, de sociedades secretas, como as lojas maçônicas. Foi daí que surgiu o sentimento de emancipação e independência de Recife e Olinda e ganhou alguns adeptos em outros Estados vizinhos. Era nas sociedades secretas que os intelectuais, religiosos e militares se reuniam para discutir e difundir o que os imperialistas chamavam de “infames ideias francesas”.
O cabeça do movimento emancipacionista no Rio Grande do Norte foi o proprietário do opulento Morgado Cunhaú, André de Albuquerque Maranhão, responsável por prender o governador da época, José Inácio Borges, e ocupar a cidade e formar uma junta governativa.
Ele tomou a cidade em 28 de março de 1817. No dia seguinte, convocou pessoas conhecidas e religiosas, e constituiu o governo. No dia 30, chega o reforço militar da Paraíba, com cinquenta soldados, comandados por José Peregrino Xavier de Carvalho. Mas, após a partida destes em 25 de Abril de 1817, enfraquece o governo de André de Albuquerque. Todos o abandonam, exceto o padre João Damasceno.
Quando os contrarrevolucionários chegaram para rendê-lo, resistindo, ele foi ferido por Antônio José Leite Pinho, que atingiu com a espada a sua região inguinal. No tumulto, ainda procurando segurar a lâmina, fere dois dedos. Após isso, foi arrancado do governo provisório e impunemente apunhalado. Ferido, foi conduzido para a Fortaleza dos Três Reis Magos e colocado num quarto escuro.
Sentindo a morte que se aproximava, chamou o amigo, vigário da Freguesia de Natal, Feliciano José d’Ornelhas, para dar-lhe a extrema unção. Sem assistência, falece Senhor de Cunhaú, com aproximadamente 40 anos de idade. Pela manhã, retiraram o seu corpo e transportaram nu, sujo de sangue coagulado, para ser sepultado na Matriz. Cinco anos depois, foi proclamada a independência do Brasil.
PROGRAMAÇÃO OFICIAL (Sujeita a alterações)
Dia 29 de Março de 2017 – (Quarta-feira)
18h30
Sessão Solene na Câmara dos Vereadores de Natal/RN em celebração ao
Bicentenário da Revolução de 1817.
Proposição da Vereadora Professora Eleika (PSL).
Dia 31 de março de 2017 – (Sexta-feira)
17h
Abertura da exposição fotográfica: A CASA DE CUNHAÚ. Acervo do Instituto
Tavares de Lyra.
18h
Abertura da Sessão Magna com representantes do Instituto Tavares de Lyra,
Ludovicus – Instituto Câmara Cascudo, UFRN e Grupo de Estudos André de
Albuquerque (GAM). Composição da mesa e palavra da equipe responsável pelo
evento.
19:30h
Palestra de Abertura do Dr. Paulo Fernando de Albuquerque Maranhão Cunhaú: A
Fundação da Identidade Potiguar.
Lançamento da reedição do livro “A Casa de Cunhaú”, de Luís da Câmara Cascudo.
Dia 1º de abril de 2017 – (sábado)
9h
1ª. Mesa-Redonda: Anderson Tavares de Lyra e Arthur Dutra. Moderação de Daliana Cascudo – Memória e Tradição: 1817 através da História.
10:30h
2ª. Mesa-Redonda: Walner Spencer (a confirmar) e Cassimiro Júnior Moderação Augusto Maranhão (a confirmar) – Sob o Olho da Providência: O Protagonismo Revolucionário da Igreja e da Maçonaria.
Lançamento do livro “A participação da Capitania do Rio Grande do Norte e de Maçons Potiguares na Revolução Pernambucana de 1817”, de Cassimiro Júnior.
INTERVALO
14h
3ª. Mesa redonda: Douglas Cavalheiro e Sérgio Trindade. Moderação Lucas Zilio (GAM) – Hipóteses Contra factuais: E se a Revolução tivesse êxito?
16h
4ª. Mesa redonda: Fábio Arruda e Erick Bezerra. Moderação Dr. Paulo Maranhão (a confirmar) – Engenhos e Itinerários: O espaço agrário no nordeste oitocentista.
Lançamento do livro “A ressuscitada”, de Francisco Galvão.
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