Moda, magreza, corpos reais
Amigos:
Li o texto de José de Souza Martins sobre moda e corpo, inteligente como costumam ser os escritos desse autor. Ele cita o brilhante livro (ainda mais: muito bem escrito) de Gilda de Mello e Souza “O espírito das roupas”, que andou esgotado – a Cia. das Letras deveria cuidar melhor das jóias que um dia lançou.
Considero justas as preocupações com a saúde das modelos esquálidas. Mas vcs acham que as mulheres reais com quem convivemos no dia a dia têm corpos como aqueles? Não conheço nenhuma! Tenho a impressão de que as modelos de passarela são como os jóqueis: obrigadas à magreza por motivo profissional. Desconfio que designers e fotógrafos não querem que a carne das modelos entre em competição com os tecidos. Em relação aos modelos homens, o padrão parece ser mais carnudo-musculoso.
Defendo a diversidade corporal para homens e mulheres: a beleza pode ser gorda ou magra – musculosa ou meio flácida. Já vi barriguinhas maravilhosas – olha a mulherada do Rubens, olha a Claudia Cardinale! E as magrelas de Modigliani (mais Mia Farrow) dão vontade de lhes oferecer o colo e outras partes mais do corpo masculino – ombros etc. Na ala viril, confesso achar o tipo Schwarzneger feio mas tem quem goste. E existem uns musculosos bonitões, sim: Sean Connery está aí para salvar a praia dos coroas corpulentos.
Encaro moda como diversão e arte. Não é pra seguir feito um idiota mas pode abrigar beleza. Quando estudei artes visuais, vi fotos de moda dos anos 50 (Balenciaga, Dior) fascinantes, tanto as roupas quanto as modelos e os fotógrafos. E o filme “Blow-up” é um soco no estômago de tão bonito, apesar do olhar hiper-crítico de Antonioni em relação àquele mundo.
Abraços: