“O Desinformante”
“Steven Soderbergh não me convence. Seus filmes dependem do assunto (Che), da máquina (“Onze Homens” e sequências), dos atores.
É verdade que os atores ele dirige bem e que os filmes industriais, digamos assim, são eficientes.
Mas o “Che”, por exemplo, só andou enquanto era aventura.
E agora tem esse “O Desinformante”. É a história de um mentiroso compulsivo, um pouco parecido com aquele filme do Spielberg, o “Prenda-me Se For Capaz”.
A diferença é que Soderbergh trapaceia o tempo todo. Ele narra como se não soubesse quem é o personagem do Matt Damon. E o filme só existe porque nós, espectadores, ficamos no escuro sobre o essencial.
Não existe nenhuma reflexão sobre o cinema, sobre a realidade, sobre as relações entre o verdadeiro e o verossímil. Ao menos eu não percebi.
Me parece que faz o inverso do Hitchcock, por exemplo, que já de cara contava quem era o assassino.
Não que se deva obrigatoriamente fazer como ele. Mas ele faz como o cinema tradicional de 1940, e vende como novo. Achei bem mal narrado, por sinal. Me perdi umas vezes em que isso não deveria acontecer.
Não sei, não me convence. E apesar do Matt Damon estar muito bem, no dia seguinte eu já tive dificuldade para lembrar do filme. Ele escapa, não tem nada de essencial, não é memorável, ao menos para mim não é. Divertido, sim, ele é.
P.S. 1 – “Distrito 9”: sim, é um belo filme, muito mais do que eu esperava.
P.S. 2 – Não entendi o barulho em torno de “Deixa Ela Entrar”.
P.S. 3 – Agora é a Mostra. Já vi coisas espetaculares.” INÁCIO ARAÚJO