Pílulas para o Silêncio (CXXVI)
sólo la sed
el silencio
ningún encuentro
(Alejandra Pizarnik, em El arból de Diana)
A sede está no caminho; quer na algaravia da pressa, quer na imobilidade silente do sonhar a caminhar. A sede mora no crepúsculo do músculo que implora em chorar, mas que, extenuado e mudo, não dispõe de lágrimas para prantear.
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Todo silêncio é criação do inefável e do sublime, pensa o filósofo da quitanda. Este, sozinho no encontro consigo, chupa o caroço de uma manga acre, enquanto resmunga a saudade da maiêutica temporã.
— Hélas!…
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Tão grande era seu bastante que, locupletado de meias verdades, não aprendia, muito menos nada ensinava.
O que nos basta não nos completa.
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Contumaz novidadeiro de revelhas pioneirices, até que, certo dia, apresentou algo novo e… foi saudado como mero copista.
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Consome tuas verdades no fogo alto da dúvida, antes que as labaredas façam de cinzas o que restou em ti de humano.
clauderarcanjo@gmail.com
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