Pílulas para o Silêncio
(PARTE XVIII)
Chamego
Antes do abraço, o sofisma do amor eterno. Depois do chamego, o espinho do ciúme-inferno.
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Quando se escreve imerso na alegria, a criação não nos extasia. A tinta da dor vai direto aos olhos do coração.
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Nada de ontem para um pouco de agora, a fim de termos um nada amanhã.
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Na chegada, o riso da lembrança. Na permanência, o trato da malquerença. Na partida, o travo da distância.
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Quem aplaude fácil nos há de vaiar ainda mais depressa.
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Diálogo entre dois construtores da província.
— Quem “convencerá” o secretário de obras, eu ou você?
— Depende da intenção.
— Da intenção?!
— Se o propósito for o de seguir a lei, nem eu, muito menos você. Mas se for mais um caso de “superação das barreiras legais, em prol dos empregos sociais”… tanto faz; eu ou você. Compreendeu?
— Sei, sei. Preparemos, então, a pasta com o “vil argumento”.
Clauder Arcanjo — Escritor
clauderarcanjo@gmail.com
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