POETA DA SEMANA: Carito Cavalcanti
Carito Cavalcanti (Carlos Estevam Dantas Cavalcanti), 52 anos, é um artista multimídia: poeta, cineasta, letrista, músico, compositor, fotógrafo, ator, performer e arquiteto. Nasceu em Natal-RN em 1964. Foi vocalista e um dos fundadores das bandas “Fluidos” (de 1982 a 1985) e “Modus Vivendi” (de 1986 a 1999), algumas das pioneiras no rock potiguar, das quais também foi produtor. Como poeta lançou um livro de poesias pela editora “Jovens Escribas”: “Atestado de Órbita”. Publicou livros coletivos, escreveu em fanzines e jornais culturais como “Delírio Urbano” e “O Galo”, escreve no blog “Atestado de Órbita” http://www.carito.art.br/ e participa d’Os Poetas Elétricos – projeto experimental de música e poesia desenvolvido com o parceiro Edu Gomez, além de convidados. Com “Os Poetas Elétricos” já lançou três discos e ganhou prêmios e indicações em nível nacional. Trabalhou na “Stabanada Cia. de Teatro” como ator, assistente de direção e diretor musical. Trabalhou como arquiteto da UFRN durante 16 anos. Possui curso de pós-graduação em Teoria e História da Arquitetura pela Universidade Politecnica de Madrid (Espanha) e Especialização em Ensino de Arte pela UFRN. Realiza filmes autorais, institucionais e publicitários, tendo participado de várias mostras e festivais. À frente da “Praieira Filmes”, na área de cinema e vídeo, trabalha com direção, roteiro e fotografia, e também ministra cursos e oficinas.
Hoje eu acordei
Morrendo de cedo
——
Eu vou
Onde você flor.
——
Ah! Coração
Leve anos…
——
meu coração
ora dilúvio, ora vesúvio
entre isso e aquiles
por que amaria
a calmaria?
——
Xerxes é esperto
Mas não é Esparta
Perde quando se diz Persa.
——
Como não fugir da rima trágica?
Não quero menção honrosa
Quero dimensão mágica.
——
o rio brinca
de foz
de conta
——
Enquanto uns vão catar lenha
Eu Catalunha!
Vou direto ao fogo!
——
Para me perder
Procuro uma placa:
Vende-se labirinto.
——
A solidão, o amor, a morte
Uma temática eterna
O amor foi o primeiro
Que me passou a perna.
——
Do ovário da noite
Nasceu o dia.
——
Uma vida de entrega
Com o coração na adaga
Vou morrer na adega.
——
Fazer nada é tão grande
Que o gerúndio de ócio
É oceano.
——
O amor é a grande marcha
Quem pra cura
Acha.
——
Hoje eu quero atravessar
O rio
A rua
O compasso.
O resto depois eu faço.
—————————
FOTO: BRUNO MARTINS
Carito é um ícone do poema minimalista potiguar e vem fazendo escola, arrebanhando leitores e seguidores com sua verve poética extremamente inventiva. A bênção, mestre… Um abrosso…