Salinger: vender é bom mas…
Laurence:
O enorme sucesso de Salinger impressiona e nos obriga a pensar que ele foi mesmo ao encontro de profundos anseios de leitores. Eram anseios que estavam na pauta do dia (dos anos e das décadas pois o livro é muito lido até hoje): juventude, rebeldia, indagação sobre o futuro de sucesso que uma classe social e um país pareciam reservar automaticamente para quem se comportasse bem.
O livro dele é bom mas não priorizo o sucesso para avaliá-lo assim. E tem ecritor que demorou décadas ou mais para ser lido amplamente (exemplo óbvio: Rimbaud; no Brasi, gente ótima como Orides Fontela ainda é pouco lida!) porque, embora escrevessem muitíssimo bem – até muito mais que Salinger -, apresentavam uma literatura mais problematizadora do mundo, de difícil leitura por diferentes motivos: temas, linguagem etc.
Cada escritor é um escritor, não devemos recriminar ninguém pelo fato de vender muito – nem de vender pouco. Mas o fascínio pelas vendas pode nos colocar na fila dos compradores de Paulo, o que, evidentemente, não é seu caso.
Abraços: