Teatro das bestas ancestrais
Não confie na altura das suas orelhas
talvez haja algo entre elas e abaixo
que desbote a simetria das barbas.
Não creia que o seu queixo se distancia
do pescoço por onde vaza o sangue
e se derrama sobre o copo de vidro.
Não se permita o toque da noite
antes de concluir a tarefa posta
de ocultar os dentes na fêmea.
Saiba onde inaugurar os punhos
e as novas olheiras gravadas:
a cama ampla das vampiras.
Perceba que a voz atordoa
e somente use as tintas espalhadas
que sobraram sobre a mesa do café.
Beba, então, o quente caldo vermelho
e desfaça a gravata com bolor
da cena simulada entre as pernas.
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